domingo, 11 de outubro de 2009

Os donos de locadoras irados com o meu site

Tenho recebido comentários furiosos de alguns leitores do meu site. Selecionei um comentário que foi feito ao meu post sobre o Choro das Locadoras. Esse comentário era tão extenso, que para respondê-lo a altura achei melhor fazê-lo em um post (também porque ele não continha palavrões). Os comentários do leitor estão em azul.

Vasco Alvarenga Mamede disse...

Para quem tem o hábito e o "saco" de baixar filmes, fiz cálculos de custos para saber quanto custa baixá-los. Em média, baixar um filme fica de 2 a 3 vezes o preço de uma locação (Depende da configuração do PC, da velocidade da conexão de banda larga, do consumo e do preço de KW da energia, da mídia utilizada para gravar (se for o caso)!

Em primeiro lugar as pessoas pagam pela conexão de banda larga independentemente de se

baixam os filmes ou não. Assim a conexão de banda larga já está lá e seu custo em geral não aumenta por volume de download, as pessoas usam a banda larga para e-mails, voip (Skype), chat com vídeo, surfar e download. Assim suas contas deveriam levar em consideração isso. O custo de deixar um PC ligado 24 h x 7 dias por semana é de cerca R$ 14 por mês (eu calculei isso usando um instrumento chamado kill-a-watt, que mede o consumo efetivo). Duvido que a maioria das pessoas deixem o computador ligado tanto tempo. Uma conexão banda larga de 3Mb pode ser encontrada por 49,90 (em planos conjuntos com telefone e TV). A mídia gira em torno de 0,75. Se você considerer 30% de utilização para download (você não vai utilizar 100% da banda larga só para isso) e deixando o computador ligado por 12h. Você chega a R$ 4,00 por cópia. Considerando que você precisa ter uma certa dose de paciência pode sair mais caro que a locação em algumas locadoras populares.

Mas em uma locadora mais sofisticada pode chegar até a R$ 10. Entretanto para ser justa a comparação, você tem que levar em consideração que quando você aluga você chega na locadora sexta a noite e os lançamentos em geral já foram locados. Invariavelmente você acaba levando um “prêmio de consolação”. Além disso você tem que ver o filme em um prazo (geralmente 2

dias). Caso contrário você vai devolver o filme sem assisti-lo. O “saco” se paga com o fato de não ter que devolver o filme e assistir aquilo que realmente você está a fim, muitas vezes antes do lançamento nas locadoras.

Geralmente, quem baixa filmes, em

sua grande maioria são das classes A e B! TIVO? SKY+?ESQUEÇA! Há quase 5 anos, eu tenho um SKY+! CARÍSSIMO PARA QUEM QUER ADQUIRIR! MAS QUEM NÃO QUISER COMPRAR, UMA FORMA DE TÊ-LO É ASSINAR UM DOS CAROS COMBOS DA SKY E TÊ-LO POR COMODATO (SEM CUSTO MENSAL)POR TEMPO LIMITADO! FINDO ESTE TEMPO A SKY COMEÇA A COBRAR! INCLUSIVE O NOVO MODELO COM SAÍDA HDMI PARA IMAGENS EM HD! TIVO E SKY+ PARA CLASSES B, C e D?

Na verdade a classe B,C e D compra um filme do camelô a R$5 e assiste, depois ele o empresta/copia para outras pessoas (já que não há necessidade de devolução). Um download pode se transformar em dezenas de cópias. Assim basta que uma pessoa do grupo goste de fazer downloads e depois ele passa esses filmes por todas as pessoas que se relacionam com ela. Portanto o download de filmes pode ser mais usado pelas classes A e B, mas as classes C e D tiram muito proveito dele.

Há menos de 10 anos DVD era um artigo de luxo, computadores com internet também. Da mesma forma TV a cabo. Muito embora Tivo, SKY+ sejam ficção científica para as classes C e D

essas tecnologias tendem a se popularizar com tempo. Hoje downloads + TV a cabo (pay per view) vem cortando a renda das locadoras justamente no seu ramo mais rentável (classes A e B). Fazendo com que as margens de lucro baixem e levando as locadoras a vender doces e chocolates. Com a banda larga se espalhando e os “sem banda” se beneficiando indiretamente as locadoras não vão ter muita escapatória. Mas era uma coisa que iria acontecer mais cedo ou mais tarde. Sem a pirataria as locadoras se tornariam inviáveis em 15 ou 20 anos, quando justamente essas tecnologias (Tivo e Sky+, vídeo on demmand) se tornassem acessíveis. A pirataria só está antecipando o desfecho. Nos EUA já estão comercializando o Vudu. É um vídeo on demmand sem assinaturas mensais que baixa filmes com qualidade HD. Para nós parece uma coisa impossível, mas lembre-se em 1995 a internet também era e em 2000 assistir vídeos pela internet parecia coisa de maluco.

QUER DIZER QUE TEREI QUE COMPRAR DVD`S, CD`S, ROUPAS, LEITE, REMÉDIOS, LCD`S, PLASMAS, REFRIGERANTES, SET-TOP-BOX (Este existe aos montes, que roubam sinais da SKY, NET e de várias TV'S A CABO PELO BRASIL E DE OUTROS SATÉLITES) FALSOS?

A diferença entre produtos piratas e conteúdo pirata é enorme. Um produto falsificado em geral tem qualidade muito inferior que o original. E em linhas gerais se ele é mesmo tão bom quanto o original ele não é pirata/falso. Assim uísque paraguaio não vai ter gosto de uísque escocês, e quem achar que tem é porque não compararia uísque legítimo mesmo. Acho que o produto “falsificado” deveria ter outro tipo de espaço desde que deixasse claro que se trata de uma falsificação para quem o compra. Mas o que estamos falando aqui é do conteúdo pirateado. Um CD pirata toca exatamente as mesmas músicas que um CD normal e a diferença de qualidade de um MP3 ou um DIVIX não é percebida pela maior parte das pessoas ou mesmo elas não se importam com a diferença. Não é uma falsificação. Quando você compra ou baixa um CD do Roberto Carlos, você não ouve Sidney Magal! Isso não é feito por indústrias falsificadoras na China ou no Paraguai, mas por praticamente qualquer pessoa. Esse tipo de pirataria não há como combater. Todas as tentativas de fazê-lo tem se mostrado infrutíferas.

QUER DIZER QUE COPIAR UM DVD DE UM FILME, ONDE OS AUTORES CRIAM, MOBILIZAM RECURSOS (Dinheiro, pessoas, equipamentos, marketing, tempo etc..) NÃO É CRIME? E O INVESTIMENTO FEITO PELAS EMPRÊSAS PARA PRODUZIREM PRODUTOS LEGALIZADOS? RALO? E OS EMPREGOS GERADOS POR ESTAS EMPRESAS? RALO? E OS IMPOSTOS? O GOVERNO VAI LIBERAR?

Segundo a legislação atual a pirataria é crime. Assim como a escravidão já foi legalizada, a lei foi mudada a lei da pirataria vai ter que mudar. É sobre isso que é o site. Sobre os motivos para se mudar a legislação vigente que a meu ver me parece abusiva e ineficaz. Leia os meus outros posts sobre como as indústrias do cinema, áudio e software podem faturar nesse tipo de ambiente com livre cópia. É evidente que as coisas vão ser diferentes e empregos e receitas vão desaparecer. Mas é como se os caixas de banco achassem ruins os caixas automáticos e resolvessem protestar contra eles. Você acha que isso adiantaria? Você acha que eles iriam desativar os caixas automáticos para preservar os empregos? Ou deveríamos voltar andar a cavalo para preservar os empregos dos ferreiros? Mais cedo ou mais tarde a lei vai se adequar a realidade. Chorar não vai mudar a situação. Quem for esperto vai se adequar que não for vai falir.

Quanto ao governo é claro que ele vai tentar preservar seus impostos, mas se a fonte de renda da dos filmes, música e software vier de outro lugar, o governo só vai mudar a fonte da sua arrecadação. Talvez arrecade menos. O governo perde hoje com o IPI de produtos como CDs e DVDs, mas ganha na arrecadação de impostos sobre banda larga. No fim o governo é quem menos vai sair perdendo.

QUER DIZER QUE COPIAR UMA ROUPA DE MARCA, ONDE OS AUTORES CRIAM, MOBILIZAM RECURSOS (Dinheiro, pessoas, equipamentos, marketing, tempo etc..) NÃO É CRIME? E O INVESTIMENTO FEITO PELAS EMPRÊSAS PARA PRODUZIREM PRODUTOS LEGALIZADOS? RALO? E OS EMPREGOS GERADOS POR ESTAS EMPRESAS? RALO? E OS IMPOSTOS? O GOVERNO VAI LIBERAR?

Hoje é crime. Isso é tratado em outro post meu. Mas em resumo é o seguinte: Se o dinehiro gasto em uma roupa proporcionar valor para o cliente o cliente vai estar disposto a pagar por ela. E vai reconhecer o valor dessa marca e vai rejeitar a falsificação. Mas se o dinheiro gasto no marketing de uma marca tem como o único objetivo aumentar o desejo do consumidor, para que ele pague 100 vezes mais em um produto só porque ele é da marca X enquanto o falsificado que faz exatamente a mesma função custa muito menos essa marca vai perder.

Uma vez eu trabalhei com uma grande empresa do ramo de tecidos que fabricava sob encomenda as roupas para marcas muito conhecidas e para outras nem tanto. O objetivo da empresa era vender os tecidos. A confecção das roupas ficava a cargo de confecções terceirizadas. O custo de produção (tecido + confecção) era nos casos das grifes famosas menos de 5% do preço final nas lojas. Enquanto as marcas menos conhecidas que eram fabricadas com o mesmo tecido e a mesma confecção (mas tinham cortes diferentes) o preço 50% maior que o custo de fabricação. Assim o maior problema era evitar o desvio de produção feito pelas confecções para o mercado paralelo. O mais incrível é que as grifes famosas não fabricavam roupas de tamanhos grandes de propósito, pois eles não queriam que as gordinhas vestissem suas roupas e ainda fabricavam os moldes 1 número menor que o normal. Assim uma calça 37 vendida pela grife era na verdade um tamanho 36.

Isso é ético? Criar na cabeça das pessoas um desejo tal que as pessoas são capazes de pagar muito mais caro por um produto apenas porque é daquela marca? Sem oferecer um atributo real ao produto que de fato se traduza em qualidade? E ainda discriminar as pessoas não oferecendo produtos para as mais obesas apenas como estratégia de marketing? Pode ser legal, mas na minha opinião é imoral.

Adaptar à pirataria (produtos falsos)? Produzir produtos e serviços de graça? Concorrer com as pessoas que se apossam (plágio) de idéias, projetos e produtos aos quais estas pessoas não tiverem motivação, criatividade, competência e não fizeram pesquisas para roduzi-los? Bem, aí é só a indústria fechar! Fechando, será que as pessoas que plageiam irão legalizar os seus produtos falsificados?

O Windows é um plágio do sistema operacional da Apple, este por sua vez é um plágio do sistema operacional da Xerox PARC (Palo Alto Resarch Center), o Windos vista plagiou os widgets do MAC OS, e a barra lateral, o sistema de pastas etc. Mas o Windows concorre com um sistema operacional que é distribuído gratuitamente (Linux). A Microsoft que cobra pelo Windows, praticamente faliu a Netscape quando introduziu seu browser no sistema operacional (que era um plágio do Netscape), muitos anti-vírus como o AVG e o Avast, são distribuídos gratuitamente e têm laboratórios de pesquisa para se atualizar com as últimas cepas de vírus. A Google que não cobra um centavo por seus produtos (excetuando o Android porque esse vem com o telefone), é uma das empresas mais lucrativas do mundo. Como você pode ver essas lógicas de mercado, não se aplicam muito bem ao software. Empresas multi bilionárias plageiam outras e empresas que não cobram nada do consumidor final, e que são extremamente lucrativas. Veja meu post sobre a indústria de software para entender um pouco mais do meu argumento.

Achar que a pirataria é legal...é comportamento de bandido! (Numa boa, sem ofensas!) Achar que a lei tem que se adaptar ao crime...é comportamento de bandido!(Numa boa, sem ofensas!). Agora, se a sociedade brasileira entender que copiar produtos (gerar produtos falsos) não é crime...QUE SE MUDE A LEI. Nesse caso, as locadoras também passarão a produzir DVD`S e CD`S FALSOS. Se um DVD falso, hoje é vendido em média na faixa de R$ 2,00 a R$ 5,00, a locação poderá ser feita por míseros R$ 0,50, R$ 1,00. GOSTEI DA IDÉIA! SERÁ QUE VAI SER POSSÍVEL MUDAR A LEI DE DIREITOS AUTORAIS PARA QUE NÃO SEJA CONSIDERADO CRIME, COPIAR PRODUTOS E SERVIÇOS? TAÍ UMA FORMA LEGAL DE ACABAR COM A PIRATARIA!

Lutar para que a pirataria seja considerada legal, não é crime. É liberdade de expressão! É como lutar contra a escravidão no tempo em que isso era considerado legal! Eu acho que a lei deve ser mudada e meu site é sobre isso. Não é uma apologia ao crime! Na verdade eu sei que você foi irônico, mas o futuro é mais ou menos por aí. Hoje já se “aluga” filmes em pay-per-view à R$ 1,99. Mas, uma vez que se esteja livre das mídias o conceito de locação perde o sentido. Penso que é melhor mudar de ramo enquanto isso é possível.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Democracia do Conteúdo

A mídia vive falando do conceito de licença de uso. Mas você já parou para pensar o que isso significa?

Quando você compra um carro, isso lhe dá o direito de fazer o que você quiser com ele. Você pode, por exemplo, modificá-lo, para colocar rodas de liga ou instalar um acessório como um aerofólio, sem que o fabricante do seu carro fique lhe dizendo que ele detém direitos exclusivos de criação sobre a obra e que você não pode modificá-lo. Da mesma maneira, um fabricante pode fazer uma tampa de motor que sirva em um modelo de caro com furações especiais para entrada de ar ou coisa parecida sem que o fabricante fique dizendo que tem direitos intelectuais sobre o encaixe e que isso viola seus direitos autorais. Na realidade é comum você encontrar peças como portas, pára-lamas e maçanetas de veículos populares abastecendo o mercado de peças paralelas sem que isso constitua uma violação de direitos. Se você quiser dá para montar um Fusca quase inteirinho com peças paralelas e isso não constitui cópia do design da Volkswagen.

O mesmo ocorre com tênis, Air Force One da Nike. Segundo o Livro “The Pirates Dilemma” de “Matt Mason” http://thepiratesdilemma.com/ o tênis era um sucesso entre o pessoal do Hip Hop (apesar de originalmente ser um tênis para basquete), e um designer Tomoaki Nagao de Tóquio ele pegou o tênis, usou novos materiais e cores e arrancou o logotipo da Nike e colocou o seu por cima. O tênis foi um enorme sucesso sendo vendido mais caro que o original. Nagao considerava seu tênis como sua obra exclusiva, e ao invés da Nike processá-lo, ela percebeu que isso era concorrência e passou incorporar as idéias de Nagao nos seus tênis e mudou o estilo do calçado.

Na música isso é conhecido como remix ou sampler. Músicos pegam uma música, modificam e a transformam em outra sem que isso seja necessariamente um plágio.

No YouTube, é constante o uso de filmes ou trechos de filmes para se criar obras remixadas totalmente novas, que muitas vezes são mais interessantes que o original. Mas muitas vezes a indústria de mídia não recebe tão bem isso como a Nike ou outros fabricantes. Porque não? Porque eles te vendem uma licença de uso e não a obra em si. Uma licença é como um aluguel. Você pode usar um quarto de hotel durante um certo período, pois isso é um SERVIÇO. Você tem um período para usar. É como andar de montanha-russa. Você não compra o brinquedo, mas sim o direito de usá-lo por uma volta.

O que diferencia é que uma licença de uso deveria ser por um tempo determinado. Mas então se criou o conceito de licença de uso com uso indeterminado. Para se ter uma idéia de comparação é como se eu pudesse usar uma montanha russa indefinidamente e de maneira exclusiva. De que isso diferiria de propriedade? É que com a licença, você não pode copiar, ou modificar, ou usá-la em público sem pagar mais para o dono. E se você não quiser mais usar, você não pode devolver para o proprietário onde ele deveria lhe pagar a diferença pelo direito. Algo como se eu tivesse pagado pelo direito de usar um quarto de hotel por 6 meses e após um mês tivesse desistido de usar o restante.

Quando você compra um Windows Vista, ele tem um “prazo de validade” até quando você pode usá-lo. Mas o certo seria, você comprar um Windows por 5 anos. E se no meio desse tempo, a Microsoft lançasse uma versão mais moderna, eu deveria poder trocar. Após o fim do prazo eu deveria renovar a licença ou pagar por mês de uso, algo como um aluguel. Um exemplo, certa vez eu havia comprado um antivírus e quando veio a versão mais nova do Windows eu comprei e instalei. Descobri que o antivírus não era compatível. Quando fui reclamar ao fabricante que eu tinha dois anos de licença pagos ele me disse faça o downgrade do Windows ou compre a versão mais nova do antivírus. Como se meu único propósito para ter o computador fosse rodar o antivírus. Ele também se recusou a devolver o dinheiro da licença paga. O que seria óbvio! Mas parecia que eu estava falando alguma heresia. Hoje a Microsoft permite downgrade de um Vista para XP, mas nem sempre foi assim. Mas para fazer isso você tem que pagar US$ 60 e mais o frete para que eles te mandem um CD com o XP (que poderia ser baixado) e só para a versão Full. Nem pense em fazer isso com um Windows OEM (aquele que vem pré instalado). Não compreendo porque eu devo pagar para fazer um downgrade por incompatibilidade que o sistema apresenta. Agora se você já tem o XP e quer fazer um upgrade para o Vista. Adivinha, você paga algo como 70% da licença do full. Aliás, chega a ser bizarro. Você pode pagar 799 na atualização (preço a vista pesquisado no Wallmart) e 764,15 (preço também a vista da loja BreShop On Line).

Em minha opinião não faz sentido pagar nem por um upgrade ou downgrade exceto uma módica quantia pela mídia física (que deveria poder ser baixada de graça). Software deveria ser oferecido como um serviço e não como propriedade.

Mas continuando no conceito de remix e modificar o conteúdo, os jogadores de games encontraram também uma forma de melhorar os jogos existentes. Isso ficou conhecido como MOD (MODplay). Ou seja, amantes dos jogos ficaram entediados com as fases existentes e hackearam (desculpem-me pelo neologismo) os jogos e criaram suas próprias fases e características especiais. Percebendo isso os fabricantes ao invés de puni-los (alguns ficaram bravos com isso), resolveram incluir ferramentas que permitem aos usuários criarem seus próprios mapas, terrenos, roupas, personagens, customizar personagens, em fim criar. Jogos como SimCity dão varias ferramentas para que os usuários criem todo tipo de coisa e incluam no jogo. Com isso o jogo ganhou mais tempo de vida. Os usuários não se enjoavam tão facilmente do jogo e foi possível criar uma infinidade de recursos variados para o jogo. Isso custaria muito dinheiro ao fabricante para criar toda essa variedade. Ou seja, ao invés dos fabricantes perderem ao deixar o usuário criar o próprio conteúdo.

Alguns usuários levaram essa idéia de modificar o conteúdo a outro nível. Uma vez que um jogo tem roupas, cenários, iluminação, pode-se controlar o ponto de vista da câmera e o que faz e para onde vão os personagens... Começo-se a produzir filmes baseados em Games. Assim nasceu o Red VS Blue http://redvsblue.com/home.php onde usando o jogo Halo como “pano de fundo” os seus autores conseguiram criar um novo ramo de entretenimento cinematográfico chamado Machinema (Machine+ Cinema) http://pt.wikipedia.org/wiki/Machinima

onde a criatividade dos usuários dos jogos é transformado numa forma de expressão. Reparem que os jogos, o design, a trilha, etc teoricamente são protegidos pelos direitos autorais. Mas o que fizeram os fabricantes de jogos? Estão acionando os usuários na justiça por pirataria não autorizado da sua imagem? Não, na verdade eles vem apoiando o gênero (porque vende mais games), e não é improvável que acabem sendo criadas ferramentas exclusivas para esse fim.

Em resumo, os direitos autorais restringem a criatividade e a colaboração de múltiplas pessoas. Não fossem por alguns empresários que perceberam nisso uma revolução e se as leis tivessem sido aplicadas essa criatividade poderia ser tolhida. Nem todos os fabricantes de produtos, games e filmes levam essa idéia na boa. Os produtores da Panic Struck Productions http://www.panicstruckpro.com/revelations/ tiveram muito trabalho em convencer a George Lucas e a Fox a liberarem a produção do Fan Movie - Star Wars Revelations. A idéia do filme é dar uma continuidade a série de filmes Guerra Nas Estrelas. Eles produziram um longa metragem inteiro que pode ser baixado de graça pela internet no endereço acima, onde eles usam efeitos surpreendentemente (o filme é todo amador) e que só deixa a desejar na qualidade dos atores (que são fãs e não atores profissionais). Cada vez mais produzir remixar e gerar novo conteúdo a partir de coisas existentes vai deixar de ser uma raridade. Isso é uma tendência e os direitos autorais vão ter que ser alterados para permitir isso. Não há como voltar.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

As bibliotecas


As leis de direitos autorais quando foram criadas tentaram em seus dispositivos criar mecanismos que permitissem o livre funcionamento das bibliotecas. Uma instituição sempre associada à cultura e raramente a pirataria.

Assim surgiu o conceito na lei de sem “intenção de lucro”, tipicamente para caracterizar essa instituição já que boa parte das instituições desse tipo é pública. Mas se há a mínima intenção de lucro, mesmo que não auferido, mesmo que indireto é considerado crime.

Aplicando a lei rigidamente uma biblioteca não poderia cobrar taxa por atraso, ou ter lucro nas Xerox que são usadas, ora vejam só, para copiar os livros. Foi inserido também o conceito de cópia de pequeno trecho (mas a lei não estabelece o que é pequeno trecho) e, portanto mais uma vez isso daria margem à distorção. Por exemplo, eu posso considerar 30% um trecho pequeno, e posso fazer cópias de “pequenos trechos” até obter a obra inteira.

Também bibliotecas não poderiam oferecer lanchonetes ou mesmo serem bibliotecas de escolas e universidades privadas, pois nesse caso há clara Intenção de Lucro, uma vez que nesse caso a biblioteca é um dos fatores de marketing da instituição de ensino que cobra mensalidades.

Curiosamente as autoridades fazem vista grossa a isso. Um caso ainda mais curioso é o acervo da discoteca Oneyda Alvarenga do Centro Cultural São Paulo, que dispõe 62.000 partituras, 45.000 discos de 78 rpm, 26.000 discos de 33 rpm e 1500 CDs. Para preservar o patrimônio cultural fonográfico brasileiro, a maior parte dessas músicas já caiu em domínio público, mas em alguns casos deveria ter caído. Claro que para preservar a mídia, os freqüentadores da discoteca nem sempre podem executar as obras nos discos originais. Ao invés disso é óbvio usam cópias digitais. Tudo isso à sombra do conceito de patrimônio cultural. Entretanto a digitalização das obras foi paga a uma empresa que lucrou com o serviço e claro, que diferentemente das obras originais, mais de uma pode ser ouvia ao mesmo tempo.

Como em outras discotecas do gênero, o próximo passo óbvio é digitalizar todo acervo e dispô-lo em formato digital pela internet. Ao exemplo da Biblioteca do Congresso Americano http://www.loc.gov/library/libarch-digital.html ou a biblioteca de Nova Iorque http://www.nypl.org/digital/ que já disponibilizam parte de seu acervo digitalmente. O Google já tem um projeto http://books.google.com.br/ em que sua meta é a digitalização de praticamente todo o acervo de livros do mundo. Uma verdadeira biblioteca de Alexandria moderna.

Tudo isso é o passo lógico a se tomar. Não será necessário ir fisicamente a uma biblioteca para pesquisar suas obras. Se você acha que a Wikipédia e o Google revolucionaram a educação e a cultura. Aguarde o que vem por aí!
Claro, se as Leis de Direitos autorais não interferirem. Agora eu pergunto. Faz sentido não tomar esse caminho? Devemos privar a humanidade de ter literalmente na ponta dos dedos acesso a todo conhecimento já concebido de uma forma livre e democrática?

Isso representaria não só uma melhora fantástica nas pesquisas escolares, universitárias e no aprendizado, mas uma evolução do conhecimento humano sem precedentes na história que teria impactos profundos nas pesquisas científicas, acadêmicas, etc. Avanços importantes da humanidade seriam alcançados com tal recurso.

O compartilhamento de patrimônio fonográfico e cinematográfico por essas instituições é o passo seguinte, seja por um museu da música ou do cinema e TV. Faz sentido continuar correndo o risco de perder obras por emprestá-las ou deixá-las acorrentadas às bibliotecas por seu valor. Em alguns casos, a única maneira de se ter acesso á uma obra rara é através de sua cópia, já que a manipulação a arruinaria. Há casos de obras raras, que ainda estão sob o julgo dos direitos autorais. Discos dos Beatles que já foram editados á mais de 40 anos continuam presos sobre essas leis. É bom lembrar que as leis foram criadas originalmente para permitir ao editor arcar com o risco da edição da obra que no passado era muito caro. Os prazos eram algo como cinco ou dez anos de exclusividade até que a obra caísse em domínio público. Esses prazos foram sendo estendidas várias vezes. Cada vez que o Mickey Mouse ou Glenn Miller ameaçam cair em domínio público (como são hoje as obras clássicas de Beethoven, ou a Ilíada de Homero) o prazo é mais uma vez estendido.

Outro ponto interessante é do sem intenção de lucro é que não é crime você emprestar um CD, Livro ou DVD para um amigo. Também não é errado fazer uma cópia dessas obras para prevenir uma eventual perda, ou mesmo emprestar o backup ao invés do original para prevenir uma eventual perda, já que não há intenção de lucro (igual se faz com os acervos de livros e discos raros).

Não é crime esquecer-se de buscar essa cópia, mas é crime copiar o em arquivo e enviá-lo por meio eletrônico para seu mesmo amigo. Você deve estar se perguntando, “Como assim?”.

Se não há intenção de lucro, como no caso dos programas de P2P (como e-Mule e bit Torrent), não deveria ser crime. Muitos sites de Torrents alegam exatamente isso (muito embora essa desculpa não cole perante a jurisprudência) de que pegar uma cópia e assisti-la e depois apagá-la é o mesmo que um empréstimo na biblioteca, videoteca ou discoteca. Mas a lei realmente não é clara nisso. No caso dos filmes é o que acontece com muitas pessoas. Após baixa-lo a pessoa grava em um DVD RW (ou assiste no próprio micro) e depois apaga o arquivo. A gravação em DVD é apagada pelo próximo download. Nesse caso não deveria ser aplicado o mesmo princípio das bibliotecas?

quinta-feira, 26 de março de 2009

Selos recebidos em 26/03/2009

Seguem os selos que recebi do http://bemcontar.blogspot.com

Brigadão pela força.

Agora vou repassar o presente para estes 5 blogs:

http://brazildownload.blogspot.com/

http://minhadiscografia.blogspot.com/

http://worldtorrent.blogspot.com/

http://blogdapirataria.blogspot.com/

http://alisson-mundodosgames.blogspot.com/


Regras:

1 - Exiba a imagem dos selos que acabou de ganhar

2 - Poste o link do blog que te indicou.

3 - Indique até 10 blogs de sua preferência.

4 - Avise seus indicados.













quarta-feira, 25 de março de 2009

Direitos autorais só quando interessam

Esses dias me aconteceu um fato que muito relacionado com esse blog.

 

Comprei recentemente em uma loja, o DVD do filme da Pixar-Disney Wall-E. Adoro os filmes deles, e tenho filhos que também os curtem muito. Pode parecer estranho, mas eu comprei todos os filmes desses estúdios. São originais e adquiridos legalmente, porque gosto e acho que vale a pena. Mas como se sabe, crianças costumam ter o “habito” de não ter cuidado a manusear os DVDs. Numa certa hora estava assistindo ao filme, quando o DVD começou a “engasgar”. Nunca entendi porque quando fizeram o DVD, cometeram os mesmos erros do CD. Os DVDs deveriam ter uma capa protetora semelhante a dos antigos disquetes de 3 ½ polegadas que nos impossibilitassem de tocar diretamente a superfície do disco. Com o aumento da densidade de bits, por milímetro quadrado os DVDs são mais susceptíveis a riscos e arranhões, sujeira, marcas de gordura e etc. que seus antecessores. E o erro se repete, o Blu-Ray (apesar de dizerem o contrário) acredito que seja ainda pior, pois apesar de um laser melhor, a concentração de bits aumentou também. O laser pode passar por manchas de dedo, mas não de chocolate.

 

Ao retirar o disco constatei uma “coisa” presa a superfície provavelmente restos de algum biscoito. Após tentativas gentis, parti para métodos mais agressivos até que resolvi usar álcool para limpar a superfície (o que não é nada recomendado), e aconteceu o inevitável. A etiqueta (label original) começou a se desfazer do lado oposto danificando permanentemente o disco. Ao contrário da crença popular o lado da etiqueta é muito mais sensível, se ela for estragada porque o raio laser não consegue uma reflexão adequada e isso inutiliza o disco.

 

Mas o ponto é que ao fazer isso vi meus R$ 50,00 indo pela descarga. Como não tinha um back-up, fui obrigado a comprar outro DVD. A pergunta que cabe aqui é a seguinte. Se eu já paguei pelos direitos, não seria justo que eu escrevesse para a produtora do disco, e dissesse: “Estraguei o disco, sei que sob isso não há garantias, mas não vejo porque devo pagar os direitos que eu já paguei? Assim vocês poderiam me enviar outro disco, pelo preço do frete e mais o custo da mídia?”. É claro que eles iriam me taxar de louco, assim como se eu fosse até a loja de dissesse a mesma coisa, iriam rir da minha cara.

 

Mas o que tem isso de absurdo? Não faz sentido? Se você entrar em uma discussão sobre o assunto eles alegam que lhe vendem o direito de ouvir em uma determinada mídia. Se você estragou a mídia, você tem que comprar outra com os direitos de novo. Mas isso não é verdade. Você pode, por exemplo, legalmente fazer um backup. Você pode copiar seu CD para uma fita K7 ou para um tocador de MP3 já que não há a intenção de lucro e é você mesmo que vai ouvi-lo. Porque não é ilegal copiar para outra mídia, mas não posso pagar uns R$ 2 para que o produtor me envie só uma cópia?

 

Na mesma linha de raciocínio se eu tenho um disco de vinil, eu já paguei pelos direitos de ouvir a música. Porque eu tenho que pagar novamente pelos mesmos direitos para ouvi-la em CD. Isso não faz o menor sentido! Eu posso gravar meu vinil em CD e K7 e posso copiar meu CD para outro (isso é legal, pois é um backup) ou para uma fita K7. Assim o direito não está vinculado à mídia. Usando ainda a mesma analogia, porque eu deveria pagar por um DVD de show em que eu já paguei os direitos quando comprei a fita de vídeo? Se esse mesmo show sair em Blu-ray lá vou eu pagar de novo? Tudo bem que o DVD tenha extras, mas os extras então deveriam ser uma pequena parte dos direitos, não o total. Você poderia levar a fita de vídeo e pagar apenas R$10, pela nova mídia com os diretos pelos extras. E não R$ 50!

 

As gravadoras ganharam bilhões quando foi lançado o CD. Só porque muitas pessoas simplesmente recompraram suas coleções (nunca tudo) em CD. Mas isso não é justo! As gravadoras tentaram esse “golpe” de novo com o Super Áudio CD (Já ouviu falar?) e o DVD-Audio. Simplesmente não deu certo, pois as vantagens que eram enormes de deixar o vinil e ir para o CD não eram tão grandes assim, para ir do CD para o SACD. Porque alguém querer escutar a Daniela Mercury com 7.2 canais de áudio em Dolby Surround. A maioria absoluta das pessoas não liga para isso. O que elas querem é enfiar 8 Gb de MP3 no seu iPod!

 

É no mínimo uma questão de dois pesos, duas medidas. Se nós estamos falando de direitos autorais, deveria ser absolutamente normal que você trocasse de uma mídia a outra desde que você provasse ter adquirido os direitos! Mas elas estão no ramo de vender um disco de plástico por um preço abusivo e usam os direitos autorais para justificar esse preço. Como já foi dito anteriormente as gravadoras sonegam os direitos aos músicos, muitos músicos/compositores/artistas trabalham por contrato. Terminadas as gravações não recebem um centavo de direitos. Só entram no bolo da partilha artistas que tem poder de público para negociar direitos. Uma Ivete Sangalo recebe os direitos, mas os Irmãos Lima não. O Roberto Carlos recebe os direitos, as vocalistas (back vocals) e músicos e até compositores que escrevem, arranjam, tocam as músicas recebem um dinheirinho pelo contrato e depois tchau. Dificilmente um arranjador ou músico é tão bom que a gravadora lhe pague direitos proporcionais ás vendas. E quando o fazem, manipulam os números das vendas para pagar menos.

 

Ou seja, as gravadoras só defendem o conceito de direitos autorais quando isso lhes interessa, quando vão contra seus interesses eles dizem... “é absurdo, não vale, você está louco, etc.”

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Pirataria e o Software

O conceito de fazer uma vez e vender muitas o mesmo trabalho tem fascinado muitas empresas do vale do silício e no mundo todo. Desde que Bill Gates fundou a Microsoft ele percebeu o potencial disso. Na realidade ele mesmo experimentou em 1ª mão a pirataria. Antes os programas de computador eram vendidos com as máquinas.

A IBM não cobrava pelo Software por que ela estava no ramo de vender "caixas" a preços estratosféricos. As empresas pagavam, porque elas necessitavam desesperadamente dos benefícios trazidos pelos computadores. Assim com os lucros obtidos com a venda do hardware ela basicamente desenvolvia todo software básico necessário e os clientes desenvolviam seus próprios programas. Mas em meados dos anos 70 isso começou a mudar e cada vez mais companhias produziam programas que eram vendidos separadamente do Hardware. A idéia inicial era justa. Uma empresa desenvolve um programa e isso custa dinheiro. Então ela deveria cobrar por cada cópia vendida para cobrir os custos e ter um lucro justo. Quando os mainframes passaram a ter múltiplos usuários uma mina de ouro foi descoberta os programas passaram a ser vendidos, por usuário ou até mesmo condicionado a memória e capacidade de processamento. Não era incomum para as empresas ao fazerem um upgrade da máquina terem que reconsiderar os custos da licença do software que apesar de não mudar em nada, passaria a custar mais!

Com os microcomputadores essa foi seguindo sendo uma relação complicada e usualmente o software para micro computadores era vendido por máquina. Mas a indústria de informática necessita de padrões. Quando a IBM ditava as regras todo o software que rodava em uma máquina IBM era basicamente o mesmo. Ao chegarem os microcomputadores os problemas de padronização ficaram evidentes. Assim algum software que se tornava “popular” logo acabava se tornando o padrão de fato do mercado.

Percebendo isso algumas empresas como a McAfee (John McAfee), da “McAfee anti-virus” e a Pkware (Phill Katz) do PKZIP, notaram que seus programas não se tornariam sucesso em meio a muitos outros se não fossem conhecidos. Para isso eles resolveram distribuí-los de graça, ou quase. Devido a isso esses programas foram por muito tempo sinônimo de antivírus e compactador. Nasciam assim os sharewares. Programas que eram distribuídos gratuitamente que podiam ser usados por um período, ou ainda indefinidamente. Mas se você desejasse uma licença ou atualizações deveria comprá-los. Tipo uma amostra grátis.

Essa prática é comum hoje e vários fabricantes investem em produtos gratuitos com intuito de fisgar o consumidor e tornar-se padrão do mercado ou pelo menos uma referência e então poder cobrar e recuperar todo o investimento. É um risco. Muitas companhias não chegam a ter êxito, mas a maioria delas recupera o que investiu só com a venda de licenças para empresas (nesses casos os produtos não costumam ser gratuitos).

Mas porque arriscar dar o seu produto de graça?

Porque o prêmio se essa estratégia der certo é a fortuna. Uma fortuna muitas vezes maior tudo o que foi gasto no desenvolvimento. Por exemplo, a PKWARE durante anos deu o produto de graça. Existiam outros programas semelhantes (LHARC, ARJ, etc), mas sua estratégia se tornou tão bem sucedida que logo ZIP se tornou um padrão de fato. Quando isso aconteceu você podia mandar um arquivo “zipado” para qualquer pessoa, porque você sabia que ela teria acesso ao programa para descompactar. As empresas recebiam arquivos nesse formato, logo se viram obrigadas a comprar licenças do produto. Após algum tempo o “zipar” se tornou sinônimo de compactação e entrou para o vocabulário informático (quem sabe talvez entre até para o Aurélio). Dezenas de milhões de pessoas usavam esse programa e alguns milhões pagavam uma taxa irrisória por ele, mas se você fatura apenas US$ 1 de 40 milhões de usuários...você fica muito rico.

Os Sistemas Operacionais e as Suítes de Escritório

Mas nem sempre o shareware foi a maneira que a indústria para seus  programas virarem padrão do mercado. A Microsoft comprou por US$ 50 mil o DOS de outra pessoa e o licenciou para a IBM para que ele fosse vendido com cada máquina. Logo o DOS se tornaria um padrão, simplesmente por que era essencial para usar quase todo computador.

Mais tarde a Microsoft, abordou a Apple para que eles o deixassem desenvolver programas para a Apple Lisa (o 1º computador com sistema operacional gráfico), e a Microsoft simplesmente pirateou as idéias de Steve Jobs. Na verdade Steve Jobs também pirateou as idéias da Xerox Parc (assistam ao filme Os Piratas de Silicon Valley). Usando dinheiro que a IBM pagava a Microsoft para que ela desenvolvesse um sistema operacional gráfico para os IBM PC (o finado OS/2) a Microsoft desenvolveu o Windows. Tudo isso foi alvo de litígio judicial. A própria Microsoft surgiu da pirataria.

Mas dizer que a Microsoft pirateou primeiro, não é uma justificativa para roubar as licenças de software. De fato, ela investiu do próprio bolso muito dinheiro para desenvolver o Windows 95.

De lá para cá a estrutura básica do Windows sofreu alterações é verdade, mas como inovação tecnológica o Windows Vista ainda guarda impressionantes similaridades com seu bisavô, assim nem todo desenvolvimento do Vista começou do zero.

Quanto custaria para desenvolver um Windows?

O que a Microsoft cobra é justo? Difícil responder, mas podemos estimar os ganhos. Desde o Windows 95 a Intel um dos maiores fornecedores de processadores para essa plataforma já fabricou aproximadamente 3 bilhões de micro processadores. Nem todos eles usam Windows, mas a Intel não é a única nesse mercado. Assim vamos assumir para efeito de cálculo que cada Intel estivesse rodando um Windows e que cada um tivesse pagado uns 30 dólares de royalties à Microsoft. Só nisso ela teria arrecadado 90 Bilhões de dólares nos últimos 13 anos.

Essa quantia me parece suficiente para bancar TODOS os custos de desenvolvimento do Windows desde o 95 até o Vista. Só no ano de 2008 a Intel chegou a produzir 200 milhões de processadores. Imagino que uns 30 dólares por processador (US$ 6 Bi) seriam suficientes para reescrever toda uma nova versão do Windows.

Entretanto a Microsoft cobra entre US$ 100 e US$ 600 por windows instalado em microcomputador legalmente de sua versão mais recente do Windows. Ou seja, se fossem cinqüenta dólares de lucro líquido médio em cada Windows vendido e que todos os processadores Intel vendidos (não se esqueçam que existem outras marcas) estivessem executando uma versão oficial do Windows daria para imaginar que a Microsoft lucraria só no último ano algo como 10 Bilhões de dólares!!!! Na realidade a minha estimativa parece bem rasoável, já que em 2008 a Microsoft lucrou líquido (sem P&D) 17,6 Bilhões de dólares segundo o Yahoo Finance (http://finance.yahoo.com/q/is?s=MSFT&annual) uma vez que eu só estou estimando o Windows e com base em processadores, até que não é um paplite ruim.

Você consegue imaginar o quanto dinheiro é isso? Para se ter uma idéia o PIB do Uruguai é de cerca de 19 bilhões de dólares! Ou seja a Microsof lucra mais que o PIB de nações!

Não estou sugerindo que a Microsoft não deva ganhar dinheiro, mas é óbvio que se ela vendesse ao consumidor final o Windows por download por algo como US$ 10 ela teria um lucro fantástico, por que a maioria das pessoas não se recusaria a pagar um valor tão baixo e apenas um pequeno grupo insistira em correr o risco e comprar uma versão pirata sem atualizações e suporte. A distribuição por download seria muito lucrativa para a MS que não teria custos de embalagem, distribuição, seguro, meio fisco, etc. Mas se alguém quisesse comprar a caixa física nas lojas por US$ 35, seria um preço justo.  Isso acabaria com a pirataria!

Quão caro é desenvolver um software?

A Microsoft divulga os seus investimentos. No ano passado (2008) ela investiu em pesquisa e desenvolvimento US$ 8 Bilhões (fonte: Yahoo! Finance). Seguramente a maior parte não foi Windows, além do Office ela faz centenas de outros produtos, muitos deles direcionados ao mercado corporativo. Os novos produtos (concebidos do zero) exigem sempre muito mais investimento. Além disso, ela provê software e serviços gratuitos, como o explorer, hotmail, messenger, etc. Mesmo com toda a pirataria ela faturou US$ 60 Bi! Isso implica que a Microsoft teve um lucro líquido no ano passado de 70,73%! Nem o tráfico de drogas dá tanto lucro!

E se a pirataria acabasse?

Mas vamos imaginar por um minuto o que aconteceria com a MS se por acaso fosse impossível piratear o Windows e o Office. Vamos imaginar ainda que isso permitisse a MS diminuir seus preços pela metade, supondo que ela fosse benevolente já que com sem pirataria seu lucro seria maior (observe que ela já tem um lucro obsceno mas não baixa os preços).

Uma enorme parcela de consumidores, principalmente os de baixa renda e em países de 3º mundo não teriam condições de pagar um Windows e mais um Office. Assim eles teriam que ir para a única alternativa economicamente viável, ou seja, Linux e o Star Office. Para quem não conhece são versões gratuitas do sistema operacional e da suíte de escritório. Esses sistemas (vou deixar os amantes do Pingüim furiosos) não são tão bons quanto o Windows e o Office. Mas considerando que são gratuitos eles tem um custo/benefício infinitamente melhor. Na realidade eles são muito bons e a cada dia se tornam melhores.

 

Dá para entender como um sistema operacional e uma suíte de escritório conseguiram ser distribuídos gratuitamente? Eles recebem constantes updates e fazem praticamente todas as funções que seus sistemas rivais. Será que alguém é louco de jogar milhões de dólares de desenvolvimento pela janela?

Só se para desenvolver e suportar esses sistemas não seja tão caro assim. O Linux e o Star Office fazem parte de uma idéia, chamada sistemas de código aberto. Onde tudo que se exige dos seus participantes é não cobrar nada pelo software desenvolvido e que ele possa ser distribuído livremente. Até agora eles vem fazendo um trabalho impressionante e muitas organizações como Sun e IBM vem apoiando (com dinheiro é claro) um sistema operacional que é distribuído de graça! Isso não é incrível? Será que eles são loucos?

Mas se o sistema é distribuído de graça e quase tão bom, por que as pessoas pagam uma fortuna por um Windows Vista Ultimate outra por um MS Office?

Como eu já expliquei a indústria de informática necessita de padrões. Imagine que houvesse no mercado centenas de processadores de textos, planilhas e programas de apresentação. Ao enviar um texto para alguém por e-mail provavelmente essa pessoa não teria o mesmo processador de textos que você. Assim ela teria que passar por um processo de conversão de arquivos, que além de aborrecido iria trocar a posição de figuras, o texto escrito pareceria estranho e dependendo dos efeitos utilizados eles poderiam simplesmente desaparecer e não ser convertidos. Imagine agora que essa pessoa edita esse arquivo convertido e envia de volta para você para que você acrecente correções, aí mais um processo de conversão com perdas e falta de compatibilidade. Isso pode se tornar muito mais dramático se você estiver usando uma planilha e fórmulas que não são suportadas pelo concorrente. A planilha chegaria do outro lado inútil. Além disso, cada software necessita de uma curva de aprendizado. Imagine que você chegue para trabalhar e sua empresa usa um sistema operacional e um processador de textos totalmente diferente do que você está acostumado. Você simplesmente iria se tornar um analfabeto digital até adaptar-se a nova plataforma. Ou seja, as pessoas e empresas pagam, só porque elas necessitam da legalidade e, portanto elas não têm "opção". Elas têm que seguir o padrão do mercado! Isso poderia ser considerado como extorsão.


Resistência a mudança.

As pessoas relutam em mudar de sistemas operacionais e programas. Os obstáculos à mudança são grandes. Se fosse impossível de piratear o Windows e o MS Office, as pessoas teriam que se adaptar ao Linux e ao Star Office. Com o tempo, o grande número de usuários faria com que a usabilidade e a depuração fossem cada vez mais sofisticadas. Em outras palavras, mais usuários, mais bugs são descobertos e solucionados, mais demandas de usuários maiores funcionalidades são acrescentadas.

Assim não demoraria muito para que empresas percebessem que as pessoas já vinham treinadas de suas casas para usar Linux /Star Office e que o sistema gratuito seria tão bom quanto o comprado e ainda que se ela adotasse o sistema ela poderia não pagar nada também!

Em alguns anos sistemas esses sistemas se tornariam o novo padrão deixando a MS de fora do mercado.

Surpreendentemente isso não acontece! E a razão é muito simples....

Para que você vai ter que aprender tudo de novo, e usar um sistema operacional e uma suíte de escritórios que é boa, mas que não é a melhor se você pode conseguir a melhor combinação "de graça" através da pirataria?

O maior inimigo do software livre é a pirataria! Graças à pirataria os produtos da Microsoft são amplamente difundidos no mercado e uma unanimidade instalados em cerca de 95% dos microcomputadores e todo o mundo. Se a pirataria fosse combatida eficazmente as pessoas iriam para os sistemas de software livre destruindo assim o monopólio da Microsoft.

Assim por mais paradoxal que seja a Microsoft se beneficia indiretamente da pirataria. Muita pirataria arruinaria seu negócio, mas nenhuma pirataria também. A MS portanto procura manter a pirataria de maneira “controlada” para permitir sua hegemonia. O lema informal é: “Antes os usuários usem o software pirata do que usem o software do concorrente!”.

É claro que a Microsoft poderia desenvolver um programa que tornasse a vida dos piratas um inferno. Um programa que enviasse periodicamente ao fabricante a lista dos programas instalados. Com essa informação ela poderia criar mecanismos de bloqueio dos sistemas operacionais piratas (ela já faz parcialmente isso). Isso poderia estar tão emaranhado no sistema que seria praticamente impossível retira-lo (ela não faz isso). Com essas informações em mãos a Microsoft poderia acionar judicialmente as pessoas que comprassem software pirata.

Lembre-se de que você não compra o software, mas compra uma licença de uso. Assim a propriedade continua sendo do fabricante que pode fazer o que quiser com o software que é dele e não seu. Portanto não seria uma invasão de privacidade! É verdade que seria judicialmente questionável, mas as produtoras poderiam fazê-lo como única forma de controlar a pirataria.

Mas ao fazer isso a MS estaria empurrando legiões de usuários diretamente nas mãos do software de código aberto (grátis). Ela sabe disso! Sabe que as pessoas temeriam por sua privacidade! Ela sabe que seria um imenso tiro no pé. Por isso ela não o faz! Ao invés de lucrar pouco de cada um e ganhar no volume a MS prefere cobrar das empresas que são forçadas a cumprir a lei, de algumas pessoas que pagam pelo software original com medo de serem acionadas na justiça e ameaçar a condenar as pessoas comuns que pirateiam, forçando-as a pagar preços abusivos por conta de seu monopólio.

Isso é justo?

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O choro das vídeo locadoras

Com a internet os custos de distribuição simplesmente despencaram. Não dá para reclamar que as locadoras estão fechando só por causa da pirataria.

Se você tem uma locadora de vídeo, sinto muito! Você tem um negócio que de uma maneira ou de outra sairá do mercado, quer seja por causa da pirataria quer seja por outras tecnologias.

Existem quatro coisas que as pessoas odeiam sobre ir alugar filmes:

1- Ter que devolver o filme (pelo menos hoje não é necessário rebobinar).
2- Chegar à locadora e não encontrar o filme desejado e acabar levado um filme de consolação.
3- Ter que ir a locadora para alugar um filme, principalmente quando é sexta-feira, dia de chuva e feriado prolongado.
4- Pressão para assistir logo. Se você não assistir você vai ter que devolvê-lo ou pagar uma multa.

Assim os consumidores estão procurando por novas alternativas.

Se não fosse a pirataria as locadoras iriam morrer assim:

Vídeo On Demmand
Vídeos alugados pela internet através de download sem devolução, sem fila, sem espera pela volta de um filme que já está alugado. Infinitamente mais prático que a locadora. Elimina os três principais motivos pelos quais os consumidores. Existem set top boxes (aquelas caixinhas semelhantes a da TV á cabo) nos EUA em que o usuário liga o aparelho na internet, escolhe pelo controle remoto de um catálogo que faria qualquer locadora morrer de vergonha e selecionar os filmes. Você espera alguns minutos para iniciar o download (dependendo da conexão) e uma vez iniciado você pode começar assistir (o download continua enquanto você assiste). O Windows Media Center já oferece esse recurso aqui no Brasil, mas ainda é limitado.

DVR - Digital Video Recorder
São gravadores de vídeo digital como o Tivo, Sky +, Net HD Max, que tornam o processo de gravação simples e fácil como jamais foi feito pelos videocassetes e gravadores de DVD. Nos EUA Tivo já virou uma palavra do vocabulário e “tivar” um programa é uma atividade corriqueira. Veja o que é um Tivo em http://www.tivo.com/ . O Tivo permite a chamada pausa ao vivo, gravar programas em vários canais simultaneamente e muito mais é inteligente que um vídeo cassete ou gravador de DVD. Você instrui o aparelho e ele fica de olho na grade de programação para gravar aquilo que você gosta. Se você diz que gosta da Série Friends ele pode gravar todos os episódios que passarem em qualquer canal. Mais ainda ele pode gravar filmes e outras séries onde o Joey aparece ou gravar só os episódios inéditos para você. Aliado ao pay per view é uma experiência muito melhor do que a locadora. Ao chegar á noite em casa, você pode ver o que o Tivo “andou gravando” e escolher se você quer ver ou não, apagar o que foi gravado (ele usa um Disco Rígido) e pedir para não gravar mais ou gravar outras coisas. Por exemplo: Grave filmes de ação, mas não os do Steven Segal, grave filmes de suspense que são inéditos e que tenham avaliação de pelo menos três estrelas. Isso é muito melhor que definir hora de início, término e canal.

DVDs one way
É um DVD descartável. Você compra em aeroportos, bancas de jornal, livrarias, e ao abrir ele tem uma camada orgânica que começa a se deteriorar após a abertura. Você pode assisti-lo algumas vezes e depois de um tempo ele para de funcionar. Aí você o joga fora sem ter que devolver para a locadora. Não há fila de espera pelo último lançamento, não há DVD riscado, não requer devolução. Você pode estar em um aeroporto, comprar um para assistir durante a sua viagem em seu notebook e jogá-lo fora ao chegar ao seu destino ou ainda optar por assistir depois no hotel, na volta.

Como fica claro, as locadoras estão condenadas. Essas tecnologias ainda não se espalharam no Brasil por que a pirataria concorre com todas elas. Mas não se engane é por isso que as pessoas preferem um filme com qualidade inferior a ter que sair para devolvê-lo ou não encontrarem o último lançamento. Elas pagam entre 5 e 10 reais por isso no camelô ao invés de pagar entre 5 e 9 reais para alugá-lo legalmente.

Algumas locadoras ainda devem resistir por mais um tempo graças ao nicho do Blu-Ray. Hoje, baixar 50Gb da internet ainda é difícil, mas operadoras como a telfónica já oferecem 30Mbits de velocidade por fibra ótica em regiões nobres de São Paulo. Quanto tempo você acha que vai levar para isso estar amplamente disponível?

Se você tem uma vídeo locadora você vai ficar sem emprego. Ela vai fechar. É inevitável.

Os fabricantes de ferraduras do passado que ficavam reclamando que o seu negócio estava falindo por causa dos carros. Alguém hoje acha de deveríamos voltar a andar de charrete?

A culpa não era dos carros e sim dos ferreiros que deveriam ter aprendido a profissão de lanterneiro, latoeiro ou funileiro (dependendo de que parte do Brasil você é) e não reclamar mais dos carros.


A pirataria é um ponto sem volta. As leis de direitos autorais estão ultrapassadas e vão ter que mudar. A mudança tecnológica não pode voltar atrás! As indústrias de entretenimento e software vão ter que se adaptar. A indústria de distribuição de mídia vai sofrer. Mas não adianta chorar.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

TV e pirataria




Como é difícil escrever pouco! Desculpem-me, vou tentar ser mais resumido.

Ao contrário do Cinema, que ainda pode tirar excepcionais lucros das salas de exibição a TV é um desafio diferente. Quando eles comercializam séries antigas em DVD por preços extravagantes eu acho um absurdo porque os custos de produção já foram amortizados. Mas quando são séries novas, o abatimento dos custos deve se dar por publicidade. As margens, portanto são menores.

Você pode achar que a TV aberta é gratuita, mas não é bem assim. É um modelo de três partes. As emissoras produzem, o público assiste e os anunciantes pagam. Assim ao baixar os filmes, ou avançar nos comerciais você não está “pagando” pelo produto.

Muitas séries como Lost ou Desperate Housewives chegam à internet, antes da exibição na TV aberta, fazendo com que a audiência das séries caia. A produção dessas séries mais sofisticadas pode chegar a milhões de dólares por episódio.

Acho que o modelo de TV aberta vai continuar existindo, principalmente para Jornais, eventos ao vivo e novelas. O imediatismo vai continuar existindo. Elas também vão existir para exibir e gerar a própria programação local ou regional. Mas a exibição de séries ou filmes para TV vai sofrer uma mudança radical.

Um dos problemas é que com o modelo atual as emissoras controlam os contratos, a distribuição e exibição. Assim enquanto uma nova temporada não é negociada, os fãs podem ficar a ver reprises. Pode-se decidir que a série que você tanto gosta, não tem audiência no Brasil e assim as duas temporadas finais jamais vão ao ar.

Numa distribuição direta, do produtor para o espectador a distribuição (emissoras de TV e TV a cabo) seria desnecessária, mas o esquema de anúncios também não faria sentido. Assim para viabilizar um modelo economicamente a publicidade poderia ser feita com marcas d’água (semelhante ao logotipo das emissoras no canto, que quase nem é percebido). Apesar de o lucro com esse tipo de publicidade ser bem menor e com uma possibilidade de veicular a mensagem muito mais limitada, o custo de distribuição tenderia a zero.

Assim dá para imaginar que ao invés de baixar o último episódio de Lost e esperar pela “legendagem” voluntária de abnegados usuários. Você poderia se inscrever e baixar no mesmo dia do lançamento, já legendado e isso poderia lhe custar alguns trocados (algo como R$ 1), mas seria muito mais conveniente. Em especial se fosse um esquema de assinatura.

Imagine que só um episódio de Desperate Housewives chega ser baixado do Mininova por um milhão de usuários. Somando-se todos os sites desse gênero e outras formas de P2P dá pra chegar a dois ou três milhões de usuários. Adivinha? Se você faturar um Real de cada usuário e 1,5 Reais de cada anunciante, por cópia baixada fica fácil imaginar um faturamento direto de 1 milhão de dólares. Em um mesmo filme, marcas d’água poderiam ser vendidas por seguimento de 20 minutos e o faturamento poderia ser ainda maior.

O usuário ganha a praticidade e a facilidade do donwload com acesso direto ao lançamento sem reprises. O produtor ganha o seu dinheiro (menos é verdade) e também a difusão do trabalho. Penso que seria um modelo de negócios muito bom, mas que não agradaria é claro as Emissoras de TV.

É claro que para viabilizar as produtoras deveriam adotar o modelo. O que já aconteceu com a série Lost em questão. Veja em: http://en.wikipedia.org/wiki/Lost_(TV_series) – On Line Distribution (em inglês).

Nix.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Pirataria no Cinema




Eu tenho dado muita ênfase no mercado fonográfico porque é muito difícil tratar de todos os aspectos e exemplificá-los em todos os mercados ao mesmo tempo. Ficaria confuso e mais longo ainda. Assim eu tenho usado o mercado fonográfico como um exemplo, mas muitas das explanações e argumentos que são válidos para a indústria musical também podem ser extrapolados aos outros distintos mercados (software, livros, fotografia, TV e cinema). Mas outras colocações não. Assim cada mercado necessita de uma abordagem específica sobre o tema.

Mesmo no mercado audiovisual como um todo, temos que dividi-lo em TV, Cinema (DVDs) e Cabo. Por que esses têm modelos de negócio distintos requerendo assim abordagens também específicas. Neste post eu vou falar do Cinema e DVDs de filmes.

Existem algumas diferenças enormes na produção e consumo de filmes e música. Os filmes são muito mais caros de serem produzidos, mas tem uma vida mais curta. A não ser que você seja um cinéfilo, uma criança, ou um fã alucinado por um determinado filme, a maior parte das pessoas assiste o mesmo filme cerca de 5 vezes em toda sua vida em média. Não é um calculo científico, mas empírico. Você pode ver no cinema, depois eventualmente você aluga, assiste na TV a cabo e uma vez mais uma reprise na TV aberta em um dia de chuva. Claro que se você gostar muito você pode ainda chegar a 10 ou 16 vezes. Mas a maior parte das pessoas consideraria isso muito. Os CDs e DVDs musicais pela sua natureza podem ser vistos/ouvidos centenas, talvez milhares de vezes.

Assim filmes têm um período curto para recuperarem os seus custos. Isso fica ainda pior no caso de grandes sucessos do cinema em que os custos dos mega salários dos atores, efeitos especiais e computação gráfica, promoção e distribuição podem chegar as centenas de milhares de dólares. Uma vez que são vistos perdem rapidamente seu valor, pois as pessoas vão demorar muito tempo para vê-los de novo e pagar por isso.

Mas os filmes também têm uma característica única, que é o lançamento nos cinemas, e as produtoras controlam rigidamente esse lançamento e a distribuição. Se um filme “vazar” para a internet em teoria poderiam ser perdidos milhões de potenciais espectadores e a receita proveniente disso, uma vez que se a pessoa já viu o filme antes do lançamento ela em teoria não veria de novo.

Mas a verdade é bem diferente do que afirmam os estúdios. Apesar de um grande lançamento poder chegar à centena de milhares de dólares os ganhos da indústria com o cinema também são estonteantes.

Peguemos o exemplo do filme Homem de Ferro (2008). Esse filme tem um custo estimado de US$ 140 milhões (fonte: http://www.imdb.com/), contudo no fim de semana de estréia 4.105 sessões geraram um faturamento bruto só nos EUA de US$ 102.118.668!

Ou seja, no primeiro fim de semana ele já praticamente recuperou todo o investimento. Terminou sua carreira no cinema com US$ 318 milhões nos EUA. No Brasil foram 2,.811.622 de ingressos vendidos a um valor sub estimado de R$ 5 você teria cerca de R$ 14 milhões de faturamento. Isso tudo ao mesmo tempo em que eram feitos downloads do filme e DVDs com filmagens feitas dentro do cinema vinham sendo vendidos a R$ 5 no camelô da esquina. Fica claro, portanto que um filme como esse arrecada antes das locações, DVDs e das vendas dos direitos para TV a cabo muito mais do que ele custa. Mesmo com a pirataria estando com vento em popa (sem trocadilhos).

Você pode estar pensando, mas nem todo filme é um sucesso. As produtoras têm que arrecadar mais para suprir os riscos dos eventuais fracassos de bilheteria. Vamos analisar a um mega fracasso então, como exemplo Waterworld (1995) com US$ 175 milhões de orçamento, só faturou US$ 88 milhões. Mas se você for ao site http://www.imdb.com/title/tt0114898/business e fizer as contas. Vai ver que em várias moedas apenas nos países listados (o Brasil não aparece na lista), o filme recuperou claramente o custo. Por exemplo, foram £ 8 milhões só no Reino Unido. O filme faturou ainda US$ 42 milhões em locações. Nada mau para um fracasso!

Tudo bem, você pode achar que os estúdios faturam muito para poder fazer filmes que não seriam “comercialmente tão rentáveis” como a Cor Púrpura de 1985, que faturou US$ 98 milhões para um custo de produção de US$ 15 milhões. Isso tudo só com cinemas e nos EUA. Ou Dogma de 1999 que foi um projeto alternativo e muito controverso (fazendo piada com temas religiosos, anjos assassinos e Deus em forma de mulher), foi uma produção de baixo custo para os padrões de lá. Foi um orçamento de US$10 milhões e que faturou 38. Mas a verdade é que normalmente o orçamento desses filmes mais “cabeça”, “controversos” ou “artísticos” é muito inferior e os estúdios em geral sabem o que estão fazendo tomam muito cuidado para não tomar prejuízo com esses filmes.

É claro que existem filmes como As Aventuras de Pluto e Nash (2002), com um orçamento de 100 milhões e que não faturou nem 6 milhões, e que nem com locação e DVD, Cabo e TV recuperou o investimento. Esse filme é listado no MSN news como o maior fracasso da história da indústria cinematográfica. Mas se o filme é ruim assim.... o estúdio deveria arcar com as conseqüências e não esconder sua ineficiência atrás de lucros exorbitantes. Curiosamente a Warner não anunciou nenhum problema ou o risco de falência depois de um prejuízo tão grande! Diferentemente do que aconteceu com a 20th Century FOX que quase fechou por causa de Cleópatra de 1963, com um orçamento de US$ 44 milhões (hoje 259 em valores corrigidos) faturou 26 milhões (153 corrigido), mas que com a carreira internacional, reprises no cinema por volta de 1970 já havia empatado. As locações em VHS mais as licenças para exibição na TV posteriormente fizeram o filme dar lucro!

Desculpe-me por fazê-los passar por todos esses dados e números, mas isso reforça os argumentos a seguir:

A indústria cinematográfica aprendeu com o passado e hoje sabe muito melhor que antes sabe produzir um filme e o fazer dar lucro (não estou analisando aqui os filmes feitos para TV ou distribuídos diretamente em vídeo, que tem uma lógica diferente vão ser temas de outros posts). Assim os filmes ao serem lançados em vídeo já se pagaram com a exibição só no cinema. Mesmo com a pirataria. Alguns filmes até se beneficiam dela. O Filme Tropa de Elite, 2007 que custou cerca de US$ 4 milhões (uma ninharia) faturou nos EUA US$ 8 milhões e R$ 17 Milhões no Brasil. Curiosamente o filme, “vazou” antes da edição final. As pessoas que baixaram/compraram o filme e depois quiseram ir conferir no cinema a versão final. Foi um dos maiores sucessos nacionais! O filme fez sucesso no Brasil e no exterior apesar de ter sido um dos filmes mais pirateados da história do cinema brasileiro.


A experiência de ver um filme no cinema é única. Mesmo pessoas que assistem a filmes piratas regularmente continuam indo ao cinema. A tela grande, o som surround, a pipoca e a experiência não podem ser igualadas a experiência em casa. Mesmo com a inovação das TVs de LCD e Home Theaters. Tecnologias como cinema digital que serão implementadas em breve vão tornar muito mais barato distribuir filmes, do que como é feito hoje com o celulóide. Outros recursos como telas gigantes IMAX (15 metros de altura), salas especiais, 3D vão tornar a experiência ainda mais rica.

Mas e as capturas feitas de dentro do cinema e os “vazamentos”? Eles sempre funcionam na realidade como uma espécie de amostra grátis, sem custo para a produtora. Quem assiste a um filme de ação em Tele Sync ou Screener (esse é o nome que eles dão a esse tipo de pirataria) está assistindo a um filme de baixa qualidade. No final das duas uma, ou essas pessoas não assistiram o filme no cinema de qualquer maneira, porque elas não se importam com a qualidade ruim e não pagariam pela experiência de ver no cinema, ou são tão loucos pelo filme que irão de qualquer maneira ao cinema assim que ele estréia ou então acabam comprando o DVD. Sim, se o sujeito é fã isso realmente acontece! Em realidade os Screeners acontecem por que há um atraso entre o lançamento nos cinemas e o DVDs. Talvez fosse mais interessante deixar o público decidir onde ele deseja ver o seu filme favorito, se na sala de estar ou na sala do cinema fazendo os lançamentos simultâneos de DVD e cinema. Mas é claro que isso seria abrir mão de parte dos lucros, entretanto acho que seria muito bom para todos. Experiências desse tipo demonstram excelentes resultados como o filme Bubble do diretor Steven Soderbergh.

Hoje a exibição em cinemas é capaz de sozinho manter a indústria cinematográfica. Mas seria necessário que as produtoras repensassem suas estratégias de custos produção. Pagar salários de milhões de dólares para ter esse ator ou aquela atriz, não é na realidade uma coisa necessária. Isso acontece por que os atores muito famosos sabem dos lucros e pedem somas exorbitantes e acabam sendo atendidos. Alfred Hitchcock era famoso por contratar atores pouco conhecidos para época e por cachês mais realistas. Nem por isso seus filmes eram ruins ou os atores se sentiram menos recompensados.

A indústria também sabe que mesmo que a história seja um pouco ruim, a mistura certa de efeitos especiais, explosões e computação gráfica são capazes de fazer quase todo filme dar lucro mas os custos também aumentam. Assim eles focam menos na estória e mais na pirotecnia. Enquanto isso os roteiristas seguem sendo mal pagos a ponto de recentemente terem feito greve. Esses filmes “espetaculosos” atraem uma grande audiência, principalmente de jovens (que são maioria esmagadora nos downloads), e faturam alto. A ênfase em filmes desse tipo de filme saturou os cinemas com obras de qualidade artística e cultural pra lá de duvidosas. Reinam os filmes baseados em heróis de quadrinhos e batalhas espaciais (nada contra os gêneros), mas que consomem os recursos e retiram espaço de filmes com enredo de verdade prosperarem. Os filmes capazes de prender a audiência apenas pela estória e sem uma única explosão, sem apelar para os clichês, são raridade.

Conseguir fazer um filme com criatividade, inovação e um bom enredo sejam aceitos nesse ramo, é quase um milagre. Foram necessárias ao Steven Spilberg muitas batalhas, monstros do mar e caçadores de arcas para conseguir filmar a Cor Púrpura. Um filme que não teria aceitação dos estúdios, não fosse a pressão exercida pelo cineasta.

Portanto mesmo com a pirataria a indústria cinematográfica consegue pagar os custos de produção que são claramente exagerados. Mas ainda assim vende os DVD a 49,90 (Que é um preço cartelizado. Ou seja, sem concorrência! Isso é ilegal, mas ninguém denuncia.).

Existe uma “norma” tácita de distribuição. Um filme estréia nos cinemas, depois vai para DVDs e locação e payperview, só depois disso é que vai para o cabo e finalmente para a TV aberta. Nem sempre se segue esse esquema, mas após uns 2 ou 3 anos o filme já está na TV e o DVD pode ser comprado por algo entre R$ 15 e 19.

Há um tempo eu cheguei a encontrar a trilogia De Volta para o Futuro por R$19. Mais barato do que baixar da internet! Se você considerar o trabalho, a energia elétrica o provedor de acesso. Sai mais em conta!

Repare que isso não é encalhe. Isso é com lucro para o produtor. Mas se dá lucro agora mais de 10 anos depois do lançamento do filme, por que não vendiam a esse preço quando foi lançamento? Os custos na haviam sido amortizados já no cinema? Quanto custa para produzir um DVD?

Os números variam de acordo com o tamanho do lote de produção. Nos EUA esse número é de US$ 1,30 para DVD e US$ 1,45 para Blu-ray considerando um lote de 10 mil peças (http://wesleytech.com/ – Blu-Ray x DVD cost analysis) . Você pode estar pensando... “Como é que é? Um Blu-Ray custa 1,45 para produzir e em um filme em que eles já amortizaram o custo de produção eles me cobram R$ 150 por um disco? Isso é roubo!”. É mesmo, da vontade de dizer isso.

Outra coisa que é intrigante é que devido à natureza dos filmes, um CD como Pink Floyd – The Wall pode ser encontrado por R$ 39,90*. Enquanto um DVD do filme pode ser encontrado a R$ 39,90* . Mas o DVD de Tootsie pode ser encontrado a 15,90*. Repare que este último requereu uma nova capa e nova prensagem por ser um lançamento e edição especial de aniversário de 25 anos com extras adicionais. Por que o Pink Floyd não custa um preço parecido? Por que o CD e o DVD custam a mesma coisa se o CD não traz imagens e o DVD tem qualidade de áudio superior?

A realidade é que todos poderiam custar 15,90! Todos tiveram seus custos de produção abatidos e os direitos já foram pagos inúmeras vezes. Mas por que faturar menos se eles podem faturar mais?

Por fim, o peço é 15,90 porque existem os custos de distribuição, logística, seguro, impostos sobre tudo isso. Mas se você distribuísse pela internet onde os custos de distribuição são próxmos de zero, e nem a mídia e nem a capa seriam necessárias, os impostos que chegam a 40% desse valor também já seriam tantos (base de contribuição menor e natureza de impostos menor), esse filme poderia ser vendido com lucro estupendo a R$ 2,00! Você poderia colocá-lo em um pool, como um serviço de TV on-demmand, pagando por mês para ter acesso ao catálogo e baixar qualquer filme quando quisesse e assisti-lo no conforto de sua casa. Algo como uma módica quantia e você teriam acesso a todos os filmes do catálogo, sem limite de download. Pagando as produtoras, proporcionalmente por filme baixado. Não sei se esse modelo fecharia, mas considerando que os custos de produção já foram recuperados seria uma fonte incrível de recursos para as produtoras.

É claro que no modelo atual elas lucram muito mais, e as produtoras vão lutar com unhas e dentes para mantê-lo da maneira que está.

Seria maravilhoso que Hollywood tivesse a mente aberta para as novas tecnologias e tentassem se enquadrar num novo modelo. É claro que isso afetaria mais que os lucros o controle da distribuição. Isso é tão importante que quando foi definido o formato dos DVDs o mundo foi fatiado em 5 regiões para que a distribuição pudesse ser feita e manipulada de maneira a maximizar os lucros das produtoras. A pirataria simplesmente implodiu esse modelo. Quando o VHS surgiu, uma das queixas das produtoras era que filmes originais eram importados e atravessavam as fronteiras, chegando nos mercados antes dos filmes nos cinemas. Para evitar isso foi criado o sistema de regiões nos DVDs, assim se você vai aos EUA e compra um DVD de um show para assistir no Brasil, o seu aparelho não vai conseguir reproduzi-lo (claro que os piratas deram um jeito nisso).

O que acontecia antigamente é que um filme passava nos cinemas às vezes anos de diferença da data em que eles eram lançados nos EUA. Em São Paulo e Rio os lançamentos até eram rápidos, mas nas cidades do interior a demora podia ser enorme. Assim filmes lançados nos EUA chegavam “importados” e eram legendados amadoramente e essas cópias abasteciam os vídeos-clube de todo o Brasil. Com a internet isso ficou ainda pior. Dias depois do lançamento, filmes já estavam circulando por aí.

Para evitar isso a indústria passou a fazer lançamentos simultâneos e mundiais. Filmes como Matrix Revolutions chegaram a estrear na mesma data que quase todo os países do mundo (5/11/2003) em todos os cinemas. Homem Aranha 3 foi ainda mais longe. Estreou em 20 de abril de 2007, enquanto nos EUA foi só 10 dias depois!!!

Quando que poderíamos imaginar que lançamentos de filmes aconteceriam antes aqui do que nos EUA?

Conclusão:

O custo de produção dos filmes é muito elevado e poderia ser mais barato. Assim só com a exibição nos cinemas é possível recuperar o investimento.

Os ganhos exagerados de Hollywood praticamente acabaram com os filmes com boas estórias dando foco na rentabilidade de filmes “espetaculosos”. Isso esconde a sua ineficiência quando produzem péssimos filmes.

A divulgação de cópias pirateadas (Screener) tem pouco efeito no faturamento do filme, por que são de baixa qualidade. Mas o “vazamento” pode inclusive ser benéfico.

Graças a pirataria a distribuição de filmes ficou mais ágil e temos até o privilégio de estréias antes dos EUA. A indústria teve que repensar seu modelo de distribuição.

Nix.

Referências de preços:
* The Wall (CD) 39,90 na videolar
http://www.videolar.com/ProdutoCD.asp?ProductID=012927&cod_sub_media=3906&WT.srch=1
* The Wall (Filme) 39,90 na Ferrs
http://www.ferrs.com.br/produto.asp?wprod=017164&par=buscape
*Tootsie 15,90 na starcineshop
http://www.starcineshop.com.br/sistema/ListaProdutos.asp?IDLoja=3769&origem=buscape&IDProduto=1547091&q=Dvd+Tootsie+-+Ed.+do+25%BA+Anivers%E1rio+(Dvd+Duplo)&1ST=1&Y=9163425737524

essas referências devem desaparecer rapidamente, mas foram pesquisadas.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

5 motivos para NÃO piratear contestados.

Achei justo que para dar um contraponto aos 10 motivos para justificar a flexibilização dos direitos ou a mudança da lei, ou para por fim aos direitos autorais que eu contestasse as 10 maiores alegações contra a pirataria. Só consegui até agora encontrar 5 alegações. Então aí vai:

1. Pirataria ajuda o crime organizado.

É uma das poucas que tem um pouco de verdade. A pirataria profissional que revende CDs e DVDs nos camelôs e shoppings populares necessita de conivência das autoridades e, portanto os criminosos subornam policiais e juízes para que deixem o seu “negócio” funcionar “sem problemas”.
Mas o mesmo lugar onde se vendem produtos piratas, são vendidos produtos falsificados, contrabandeados e outros produtos que variam da ilegalidade a contravenção. Esses lugares e meios existiam antes da pirataria e vão continuar existindo depois dela. Gostaria que as autoridades atacassem todo o problema do comércio paralelo e não só a pirataria.
Pirataria essa, que inclusive agora está até diminuindo, uma vez que as pessoas estão fazendo seus próprios downloads diretamente da internet, sem necessidade de camelôs. É bom lembrar que os arquivos não são mantidos em nenhum servidor central do crime organizado, mas sim nas máquinas de milhões de usuários do sistema de file sharing (sem ganho ou interesse comercial).

Os piratas profissionais já não se concentram mais em CDs que não é mais rentável. O alvo são os DVDs cujo download é ainda muito demorado para maior parte da população.
Mesmo esses DVDs não vem de nenhum país asiático. Só as mídias vêm o download e gravação é 100% tupiniquim .

O crime organizado é um problema de polícia e governos coniventes e da impunidade que reina na justiça. A pirataria só está junto com esses outros itens, como cigarros, máquinas fotográficas, brinquedos, ervas, etc que também deveriam sair do mercado. O fato de a pirataria estar nesses meios é só o efeito da anacrônica lei de direitos autorais que a coloca na ilegalidade.

Uma vez que a largura de banda seja suficiente o download de DVDs vai desaparecer e essa alegação também vai ser completamente falsa.


2. DVDs e CDs piratas podem prejudicar o seu aparelho.

Essa alegação é risível. Assim como a que diz que podem pegar vírus. A leitura é feita por um laser e o reflexo é lido pelo aparelho. A não ser que a mídia tenha um problema de empenamento ou furo fora do centro (nunca vi isso), é que pode existir algum risco. Essa alegação demonstra o desespero da indústria.

Quanto aos vírus, basta manter um bom antivírus atualizado e tomar alguns cuidados básicos. Se o usuário é tão distraído ou inexperiente para pegar um vírus de um software pirata ele provavelmente seria infectado também por um e-mail, malware ou trojan de qualquer forma.


3. O governo perde milhões em impostos.

Alegação é tendenciosa e alega valores inverídicos.

Apesar de existir uma queda na arrecadação pela não venda de CDs ou DVDs nem todo consumidor de produtos piratas compraria o produto original. Assumir que quem gasta R$ 50,00 em 10 DVDs pagaria R$50 nas lojas por um DVD original é ser ingênuo. A maioria dos consumidores de baixa renda (maioria absoluta na venda de piratas) simplesmente não compraria se fosse um DVD só.

Mas se a alegação é verdadeira então as locadoras de vídeo deveriam ser responsáveis pela perda de arrecadação na venda de DVDs. Pois em geral quem aluga não compra. A TV a cabo também, pois quem assiste a um filme a no payperview 1,99 não paga os mesmos impostos da locação de R$8 e da venda e R$50.

Presunção de arrecadação não é arrecadação. As mesmas companhias que defendem o fisco com um fervor quase nacionalista, em sua contabilidade fazem de tudo para escapar dos impostos, quando até mesmo contribuem com a sonegação. Existem várias das pequenas lojas de CD se quer dão nota fiscal. Não vejo as gravadoras denunciando essas lojas que não pagam impostos também, no mínimo isso é tendencioso.

4. Os artistas/autores merecem o pagamento justo do seu trabalho.

Também acho. Mas em geral as gravadoras sonegam os direitos dos artistas e só pagam direitos a “elite” dos artistas mais prestigiados.
Um músico pouco conhecido que ajuda a gravar um instrumento de um álbum de um grande artista, por não ser conhecido, recebe um cachê pelo trabalho e não vê um centavo de direitos.

Artistas em começo de carreira aceitam praticamente qualquer coisa que a gravadora lhes oferece apenas para ter a oportunidade de gravar um disco. Em geral os músicos ganham pouco dinheiro com direitos. Quem enche os bolsos são as gravadoras.

O que as gravadoras agregavam no passado, como estúdio, produção, arranjo representam uma pequena parte do custo total da produção de um CD e mesmo esses custos estão caindo ao ponto de muitos artistas, mesmo amadores, terem seus próprios estúdios em casa.

A produção cinematográfica em proporção menor também tem ganhado muito em custos com a digitalização e também paga aos atores, dublês e produtores cachês fixos, ficando sempre com a maior parte do bolo da receita.

Apenas atores “reconhecidos” recebem cachês milionários o restante se contenta com uma pequena parte e a fama. Os “arrasa quarteirão” como Homem Aranha e Senhor dos Anéis chegam pagar os seus custos de produção nas primeiras semanas de exibição nos cinemas.

Muito antes de ir para o DVD a maioria dos custos produção já estão pagos. Um DVD em seu lançamento custa 49,90.
O curioso é que um preço padronizado em todas as lojas. Isso se chama cartel.... cadê o ministério público que não investiga isso?

Como uma pessoa normalmente vê um mesmo DVD uma meia dúzia de vezes (diferentemente do CD que pode ser ouvido centenas de vezes), os discos se desvalorizam rapidamente.
Apesar de conter áudio de maior qualidade que o CD e vídeo (que não é suportado pelo CD), em poucos meses (a exceção dos DVDs de shows musicais) chegam a custar menos de vinte reais nas lojas. Ainda assim dão lucro.

Como pode ser que um filme que custa muito mais caro de produzir que um disco, seja vendido nas lojas a um preço menor que um CD, mesmo com o DVD tendo som e imagem? Seguramente existe dinheiro para pagar os artistas e autores apesar da pirataria. Um novo modelo de nogócios tem que ser criado para suportar esse tipo de indústria. (Depois eu escreverei um artigo só sobre isso)

No caso da música a Apple Store vem montando um modelo de negócios (veja nesse blog) que mostra como é possível pagar aos artistas pelo seu trabalho no mundo digital.


5. A pirataria elimina empregos.

Sempre que existem grandes mudanças tecnológicas existem mudanças do mercado de trabalho. Quando vieram os carros, os ferreiros ficaram desempregados, quando veio o telégrafo os mensageiros ficaram desempregados, quando veio à automatização bancária, vários bancários ficaram desempregados, quando veio o disco de vinil, músicos ao vivo ficaram desempregados.

Mas ninguém voltaria à carroça, ao fonógrafo, ao mensageiro, ao banco sem automação. Estamos em um limiar tecnológico e os mercados de locação de vídeo e venda e distribuição de CDs vão ser afetados.

Mas esses mercados seriam afetados pela tecnologia independentemente da pirataria. Seja pelo vídeo on-demmand, payperview ou pela venda de músicas legalmente on-line. A pirataria só está acelerando um processo inevitável.



Como se vê os argumentos da indústria não resistem. Se você souber de mais algum argumento (Exceto – Pirataria é Crime, que é o que eu estou tentando mudar com esse blog), seja bem vindo e deixe um comentário.

Nix
 
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